CONSUMIDOR
Endividamento na Capital é o maior em 2 anos
Pesquisa do IPDC revela que 67,1% dos consumidores da Capital contraíram algum tipo de dívida em fevereiro
O fortalezense está consumindo mais e fazendo novas dívidas em 2013. De acordo com a Pesquisa do Perfil de Endividamento do Consumidor de Fortaleza, divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), em fevereiro, 67,1% dos consumidores da Capital cearense contraíram algum tipo de dívida. O índice é 9,7 pontos percentuais superior em relação a janeiro desse ano (57,14%) e 1,6 ponto percentual a mais do que o verificado em igual mês de 2012 (65,5%).
O endividamento do fortalezense é reflexo do ciclo de promoções realizadas pelas lojas associado ao aumento do emprego formal em 2012
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Segundo o economista Alex Araújo, esse é também o maior nível de endividamento dos últimos 24 meses em Fortaleza. Para ele, o endividamento do fortalezense é reflexo do ciclo de promoções disponibilizadas pelas lojas da Capital, tradicionalmente em fevereiro, associado ao aumento do emprego formal em Fortaleza ao longo de 2012. "As promoções ofertadas pelas lojas aliadas ao maior poder de compra do fortalezense e ao ambiente de otimismo econômico e político estimulou as compras e aumentou o endividamento do consumidor", avalia.
De acordo com o levantamento, o valor médio devido per capita é estimado em R$ 984,00 a serem liquidados, em média, no prazo de seis meses. A pesquisa projeta que o valor corresponde ao comprometimento de 28,7% da renda familiar de cada consumidor na Capital.
Cartão lidera
O cartão é a modalidade de crédito mais utilizada pelos fortalezenses endividados em fevereiro de 2013, representando 86,4% dos entrevistados. Na vice-liderança, com 10,1%, se posicionam os financiamentos bancários, englobando veículos, imóveis, entre outros. Em seguida estão carnês e crediários (9,7%) e empréstimos pessoais (5,4%). As dívidas com cheque pré-datado participam com apenas 1% do total.
Os bens ou serviços comprados a prazo, que motivaram as dívidas assumidas pelo consumidores da Capital, são principalmente itens de alimentação (50% das respostas), seguidos de artigos de vestuário (47,8%), eletroeletrônicos (40,4%), despesas de educação e de saúde (25,9%). Despesas com aluguel residencial respondem por 8,4% do bolo da dívida.
Em atraso
A porcentagem de consumidores com contas em atraso passou de 14,1%, em janeiro, para 17%, nesse mês, representando crescimento de 2,9 pontos percentuais. Em contrapartida, na comparação com fevereiro de 2012 (17,8%) houve queda de 0,8 ponto percentual.
O aumento da proporção de dívidas em atraso atinge prioritariamente consumidores com escolaridade superior, com renda familiar entre cinco e dez salários mínimos e do gênero feminino. O tempo médio de atraso é de 53 dias.
A taxa de inadimplência, que corresponde a proporção de consumidores que não possuem condições financeiras para honrarem seus compromissos, teve redução de 0,3 ponto percentual face a janeiro, ficando em 5,3% em fevereiro. Comparativamente a fevereiro/2012 a taxa teve alta de apenas 0,1 ponto percentual. O perfil do consumidor inadimplente é composto, prioritariamente, por mulheres com idade entre 25 e 34 anos e renda familiar inferior a cinco salários mínimos.
Maior otimismo no País
Embora o endividamento das famílias brasileiras tenha aumentado na passagem de janeiro para fevereiro, os consumidores estão mais otimistas em relação às suas dívidas, disse Marianne Hanson, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O porcentual de famílias que se considera muito endividada recuou de 12,0% em janeiro para 11,8% em fevereiro. Em fevereiro de 2012, esse total era de 13,0%. Segundo Marianne, o resultado é sinal de que ainda há espaço para que as famílias continuem consumindo.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Situação ainda não é preocupante
Alex Araújo
Economista
O endividamento do fortalezense nesse mês de fevereiro é o maior dos últimos dois anos, reflexo de uma mudança de postura do consumidor que iniciou o ano de 2013 consumindo mais e fazendo novas dívidas. O consumo foi impulsionado principalmente pelas promoções e liquidações do comércio, que foram realizadas no mês de janeiro, logo após o término das compras de fim de ano. Todavia, apesar do crescimento geral do nível de endividamento da população, a situação ainda não é preocupante, pois os indicadores qualitativos do comprometimento da renda com dívidas e da inadimplência potencial apresentaram queda em relação ao mês anterior, garantindo, dessa forma, a energia para o crescimento do consumo ao longo do ano.
Publicado originalmente em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1234948
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