Biblioteca da Faculdade CDL

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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

É preciso estar alerta para evitar atalhos que levam o empreendedor a um beco sem saída

“Não tente achar um atalho, porque não há atalhos. O mundo é uma luta, é árduo, é uma tarefa penosa, mas é assim que a pessoa chega ao pico.”
Osho

Pessoas empreendedoras são pessoas de ação. E como pessoas de ação, querem ver as coisas acontecerem o mais rápido possível.

As metodologias ágeis como o Lean Startup se encaixam muito bem nesse contexto, mas, levam as pessoas a uma interpretação equivocada sobre o que é realmente importante no início de uma startup.

Muita gente aplica o Lean Startup com um empirismo exagerado e negligencia o principal objetivo de uma empresa nascente, especialmente aquelas com possibilidades de escalar e crescer – aprender o máximo possível, no menor tempo possível, através das iterações com os adotantes iniciais da solução.

Sair executando sem refletir, sem compreender o problema e sem entender o perfil dos segmentos de clientes que serão atendidos pela startup não é exatamente uma fonte de aprendizado.

De onde vem o aprendizado?
Na visão de Ash Maurya, o aprendizado ótimo dá-se na intersecção de 3 campos:
Do aprendizado em si, da capacidade de focar num problema específico e da velocidade para rodarmos os experimentos.

Ao desmembrarmos essas ideias, entenderemos que precisaremos de alguns elementos para colocar o aprendizado ótimo em funcionamento:
  • Primeiramente, o foco será conseguido ao isolarmos as variáveis em nossos experimentos;
  • O aprendizado virá com a observação dos resultados e a sua comparação com resultados esperados e contra grupos de controle definidos à priori; e
  • A velocidade será uma variável que dependerá de dois fatores: Um externo e outro interno.
Determinante externa
A determinante externa que limitará a velocidade dos experimentos será, em grande parte dos casos, o volume de acessos em nosso site, plataforma, app, etc. Já que precisamos de dados estatisticamente relevantes para avaliarmos os resultados e compararmos o comportamento dos nossos usuários e clientes em suas interações com nossos experimentos.


Determinante interna
Por sua vez, a determinante interna será condicionada pela nossa velocidade de resposta na interpretação dos dados, na formulação e na implantação das novas estratégias.

As duas situações juntas, por sua vez, determinarão a velocidade do progresso no aprendizado e no desenvolvimento de nossa startup e impactarão nossa burn rate[1].

Aprendizado x Burn Rate
Para sermos mais rápidos, precisaremos atrair mais tráfego com estratégias mais agressivas de marketing e, para respondermos mais rápido às informações, precisaremos de mais gente na operação. Simples assim. Equilibrar esse processo é um grande desafio.

Quando simplesmente saímos executando, buscando por resultados imediatos, com pouca análise e impaciência, corremos o risco de deixar informações e insights relevantes passarem despercebidos e poderemos condenar nossa ideia ao fracasso quando chegar o momento de otimizar e escalar nossa operação.

E como os atalhos se parecem?
Iniciamos nossa startup em muitos casos pela solução, sem antes compreender se o problema é concreto, real e relevante para os nossos segmentos de clientes. Em outros casos, não sabemos exatamente quem são nossos segmentos de clientes e, em alguns poucos casos, iniciamos um empreendimento tentando resolver um problema e somente depois de aprendermos mais sobre ele, desenhamos nossa solução.

O fato é que qualquer que seja o início, a chance de nossa ideia inicial se parecer com a que dará certo ao final será quase nula. E isso implica em um caminho relativamente longo, tortuoso e cheio de indas e vindas. Para tentar fugir dessa realidade e pelo cansaço que ele nos submete, da mesma forma que os marinheiros eram atraídos para as pedras pelo canto das sereias, não é incomum nos deixarmos seduzir pelos apelos do caminho mais curto.

O risco de sermos atraídos por discursos sedutores e fórmulas de sucesso
Quando estamos percorrendo esse caminho  longo e tortuoso, ficamos com vontade de “ganhar dinheiro logo” e podemos nos deixar seduzir pelos apelos de gurus que nos mostram uma trilha de doces e prometem que ficaremos ricos em pouco tempo. Bullshit! Não se deixe seduzir por fórmulas e modelos prontos. O mundo está em rápida transformação e o que valia ontem no marketing digital, hoje não vale mais. Todo avanço real ocorrerá através de testes e validações daqui em diante.

O risco de nos deixar vencer por hábitos arraigados
Em outros momentos, por conta de excesso de confiança, pressa ou da preguiça, deixamos de lado o que sabemos sobre os riscos de não validar nossas hipóteses, ou de não conhecer muito bem nossos segmentos de clientes, nos trancamos no escritório/laboratório e focamos no desenvolvimento da solução, retornando à nossa zona de conforto e deixando de lado as coisas difíceis que não gostamos de fazer, acreditando piamente que já sabemos o suficiente e que precisamos correr para colocar o produto no mercado.

O risco de nos tornarmos vítimas da “cegueira empreendedora”
Em outros ainda, ignoramos todos os sinais de que estamos no caminho errado e seguimos cegos, somente para cair no “abismo” logo à frente. Nos apaixonamos por nossa solução e ficamos cegos, confundindo perseverança com “ser cabeça dura” e resolvemos não escutar nem mesmo os nossos segmentos de clientes, assumindo que não sabem o que estão falando e nos apoiando na célebre frase de Ford: “Se eu tivesse perguntado a meus clientes o que queriam, teriam dito um cavalo mais rápido.”

Esquecemos que o primeiro carro recebeu o nome inicial de “carroça a vapor” e até hoje medimos a potência dos motores em “cavalos de força”.

Precisamos nos preparar para crescer e escalar
A verdade é que empreender nesse mundo em transformação irá requerer mais que apenas capacidade de trabalho e inspiração.

Será preciso acumular conhecimentos, desenvolver habilidades e nutrir atitudes específicas para conseguirmos atravessar os obstáculos que surgirão ao longo do caminho.

Nossa tendência em pular etapas, procrastinar as coisas difíceis e fazer o que gostamos no lugar do que é preciso, serão nossos maiores inimigos.

Não adianta nada chegarmos na frente do abismo sem termos desenvolvido as competências necessárias para transpô-lo.

Acelerar os passos iniciais cortando caminho vai criar apenas a ilusão de que estamos na frente e poderá nos levar a otimizar nossa solução prematuramente, condenando nossa startup ao fracasso, ou nos transformando em zumbis presos eternamente no mercado inicial.

Fonte: Sousocial

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