COMÉRCIO 22/09/2013
Os importados, a preços baixos, aumentam as vendas do varejo. No comércio, o desafio é outro: a informalidade
Se para a indústria do vestuário a competição com os importados dificulta o crescimento da produção no Estado, para o varejo a possibilidade de importar produtos acabados com preços baixos contribui para o aumento das vendas. Para os varejistas, o desafio é a concorrência com o comércio informal.
“O mercado de vestuário no varejo vem crescido nos últimos anos. E há uma perspectiva de crescimento nesse ano”, diz Adriano Costa Lima, presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Vestuário do Estado do Ceará (Sindroupas). “Mas, enquanto o varejo cresce a indústria nacional e a cearense caem por causa dos importados”.
De acordo com levantamento do Indi, 79,6% das importações cearenses no setor de vestuário em 2012 tiveram origem na China, o que correspondeu a US$ 14 milhões. Em seguida aparecem outros países asiáticos como Bangladesh (10,4%) e Vietnã (7,1%), cujos volumes de venda fecharam o ano passado em US$1,8 milhão e US$ 1,2 milhão, respectivamente.
Segundo Marcus Venicius Rocha Silva, presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhoras no Estado do Ceará (SindConfecções), muitos produtores locais que antes vendiam para grandes magazines, estão lançando suas próprias marcas, pois as margens de lucro foram diminuindo ao longo dos anos. “Foi a dificuldade de crescimento de vendas para os magazines que favoreceu as marcas próprias. A carga tributária prejudicava essa venda e o produtor ficava muito onerado. Então preferiram vender por si só. Mas, por outro lado, isso tem fortalecido o setor e dado maior visibilidade à confecção”.
Informalidade
Para Riamburgo Ximenes, proprietário do grupo Ponto da Moda e vice-presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL), as margens dos varejistas caem principalmente por causa da informalidade. “É um problema seríssimo. Nós estamos muito sacrificados em venda, na margem de lucro”. “Eles não têm custo com o ponto, ou com funcionários. Enquanto nós temos impostos, aluguéis e encargos sociais para pagar. O custo Brasil não é fácil e a austeridade fiscal do Governo é tremenda para os formais”.
Para Riamburgo não há dúvida de que o ramo de confecção é o que mais tem sofrido. Ele calcula que para cada emprego informal gerado a economia formal é desfalcada em dois. Ele diz que, principalmente nos últimos cinco anos, a informalidade vem tomando espaço dos formais. “Não sabemos até onde isso vai. Hoje você não vê mais grupo local se fortalecendo. E sim o enfraquecimento de grupos tradicionais do ramo de confecção”.
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IMPOSTO
Com relação ao impacto da carga tributária na produção industrial cearense, o presidente do Sindroupas, Adriano Costa Lima diz que, além dos países asiáticos, o Ceará perde espaço para outros estados brasileiros.
“A cada ano, cresce a participação (no mercado local) de produtos produzidos em outros estados como Pernambuco, Goiás e Paraná, que não tinham representatividade no setor de vestuário e tiveram crescimento nos últimos anos”, ele diz. “Mas, muitas vezes, é por questão de politica tributária. Eles têm uma carga menor do que a nossa”, diz ele.
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