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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Maior parte dos resíduos sólidos no CE não segue destinação correta


PANORAMA NACIONAL
12.06.2013

Os municípios brasileiros têm até agosto de 2014 para providenciar aterros sanitários

Fortaleza. O cearense pode não se dar conta, mas ao descartar o lixo na rua à espera da coleta urbana, apenas 35% do saco lotado de resíduos sólidos produzidos por ele terão destinação adequada. O preocupante é que parte expressiva dos 65% restantes sequer será coletada; enquanto o outro montante desse percentual até irá para a coleta, mas não terá um fim ecologicamente correto.


No Ceará, ainda há muitos municípios que enviam os resíduos para lixões
Foto: Kiko Silva

Em números absolutos, o que aparentemente é uma constatação preocupante passa a ganhar características alarmantes para o Estado. É que os 8,4 milhões de cearenses produzem diariamente pouco mais de 9 mil toneladas de lixo, sendo que 5,8 mil toneladas de tudo isso não têm destinação final ambientalmente adequada.

Desse total, 3,9 mil toneladas chegam a ser coletadas, mas não seguem para os locais ideais (aterros sanitários) reservados para esse tipo de resíduo sólido urbano, no Ceará. As demais 1,9 mil toneladas sequer chegam ser coletadas.

É como se, em todo o território cearense, uma média de 245 toneladas de lixo produzidas por hora não tivesse destino ambientalmente correto, ou o mesmo que 4 toneladas a cada minuto ficassem nessa situação.

Disparidade

O contraste com o que realmente segue para os aterros sanitários é enorme. São 3.171 toneladas de resíduos sólidos urbanos coletados e direcionados para o local mais apropriado. Significa uma média de 132 toneladas a cada hora ou 2,2 toneladas por minuto. Na comparação, praticamente o dobro do que segue o caminho mais adequado ecologicamente não vai para os aterros.

Essa análise foi realiza a partir dos dados encontrados na 10ª edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), divulgados no fim de maio passado, com base nos números de 2012.

Ranking

Outra curiosidade apontada pelo estudo da Abrelpe é o ranking de maiores produtores de lixo do País, no qual o Ceará ocupa a quinta posição e a segunda colocação no Nordeste. O Estado fica atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia - unidades da Federação com número de habitantes bem maior do que o Ceará.

Há outros Estados, caso do Rio Grande do Sul e Paraná, segundo o Censo do IBGE de 2010, que a população é superior a do Ceará, porém geram menos resíduos sólidos que os cearenses. Além disso, os índices de destinação correta superam em quase o dobro o percentual do Estado. No Rio Grande do Sul, 64% do lixo é direcionado para os locais adequados. No Paraná, índice é de 63%.

O Nordeste inteiro produz 51,6 mil toneladas de lixo por dia, sendo que 17,5% desse volume todo é gerado pelos cearenses. Em primeiro, destaque, a Bahia, com 26%.

A pesquisa da Abrelpe indica também que o cearense é o nordestino que mais gera resíduos sólidos per capita. Cada cidadão do Ceará produz 1,098 kg de lixo por dia. Os baianos são os que mais se aproximam, com média de 1,050 kg per capita.

Em relação aos demais Estados do Brasil, o Ceará fica atrás apenas de Amazonas (1,160 kg), Rio de Janeiro (1,303 kg), São Paulo (1,393 kg) e Distrito Federal (1,599 kg).

De acordo com o professor Gemmelle Oliveira, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), a metodologia da pesquisa da Abrelpe pode distorcer a realidade dos fatos. Na opinião ele, o Ceará não vive uma situação crítica em relação ao destino adequado da maioria do lixo gerado porque as grandes cidades possuem aterros sanitários.

"O estudo em questão leva em conta o número de municípios. Isso é muito relativo. Nem sempre a quantidade de cidades corresponde ao maior número de lixo gerado", comenta.

Metodologia

Outra observação do professor diz respeito a mais um ponto da metodologia do levantamento, que leva em consideração apenas 46% da população brasileira. "O estudo não faz reflexo do cenário nacional porque não atinge nem metade da população", indica.

Segundo o professor, as principais cidades cearenses e mais populosas (as de maior geração de resíduos sólidos) estão realizando uma destinação final desse material de forma adequada. "Imagine que Sobral, Fortaleza, Caucaia e demais grandes municípios já dispõem de boas condições. Juntos, eles já representam 4 milhões de habitantes, praticamente a metade da população do Estado", compara, criticando o índice de 35% sinalizado pela pesquisa da Abrelpe.

Desafios

De acordo com Gemmelle, o mais interessante neste momento não seria a discussão da quantidade de lixo que está sendo gerada pela população, e sim os desafios para reduzir essa emissão crescente.

"Do meu ponto de vista, é pensarmos no que tem sido efetivamente feito para reduzir essa quantidade. O aterro é apenas o fim de um sistema", especifica.

Na opinião do especialista, o desafio envolve um conjunto de outras questões, como educação ambiental, mudança de tecnologia e dos processos produtivos, enxugamento desses processos procurando viabilizar a fabricação com nível mais próximo possível do zero de resíduos, reutilização e reciclagem cada vez frequentes. "A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Nº 12.305/ 2010), é um grande avanço neste sentido ao deixar claro que todos, tanto quem fabrica, quanto quem compra, são responsáveis pelos resíduos".

ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER

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