Transferências de renda a famílias no Interior do Ceará ajudam a impedir danos maiores para o varejo de Fortaleza
O
comércio de Fortaleza é um polo distribuidor. Muito do que se vende no
varejo pelo Interior afora é comprado na Capital. Em outros tempos, os
comerciantes fortalezenses sentiriam muito mais os efeitos da seca do
que hoje. É que com as transferências de renda para as famílias, os
interioranos estão se mantendo em suas cidades.
FOTO: JL ROSA
"O
comércio da Capital, de uma maneira geral, cresceu oito pontos
percentuais em agosto e setembro deste ano sobre igual período do ano
passado, mesmo com a seca", afirma o presidente da Confederação Nacional
de Dirigentes Lojistas do Ceará, Honório Pinheiro.
Supermercados
"As
compras não pararam nem aqui (Fortaleza) nem no Interior. O que está
acontecendo é o desaparecimento de alguns produtos", avalia, destacando
que uma pequena parte do varejo da Capital amarga o impacto da estiagem,
atualmente.
Margem de lucro
Um deles é o
supermercadista. Para evitar repassar a conta para o cliente, uma das
estratégias tem sido reduzir a margem de lucro. Mesmo assim, alguns
produtos acabam tendo maior elevação. De acordo com o superintendente da
Super Rede, Paulo Ângelo Cardillo, "além de reduzir a margem de lucro
na venda de produtos em menor oferta, também estamos buscando comprar
noutros estados. Porém o Brasil todo está com clima esquisito neste ano.
No Sudeste, em plena primavera, está fazendo frio", observa o
executivo.
FOTO: reprodução
Já chegou a 83% a quebra da safra do Estado em 2012. O primeiro impacto é no preço dos produtos: banana, leite, tomate, feijão, queijo, milho, carne de frango, farinha de mandioca e por aí vai, pois a lista não é pequena
Hortifruti
Segundo ele, os hortifrutigranjeiros são os produtos mais impactados com a seca. "O próprio produtor têm ajudado a diminuir o impacto, sacrificando um pouco do seu preço. Até porque ele precisa escoar a produção. Mas em alguns casos, como o do tomate, o preço final chega a aumentar, em média, entre 5% a 10%", afirma. Esse tipo de comportamento reflete também no Produto Interno Bruto (PIB), desaquecendo o desempenho da economia do Ceará tanto na Capital quanto no Interior.
PIB
Apesar de continuar crescendo, o PIB (Produto Interno Bruto) cearense, que avançou 2,9% no primeiro semestre deste ano ante igual período de 2011, poderia ter um desempenho bem melhor não fosse a seca.
Sobre o fato do avanço do PIB cearense ser maior que a elevação média do Brasil, o economista Carlos Manso afirma que é preciso analisar essa informação com cautela. "Temos que ver isso com certo cuidado. É natural que o desempenho seja esse devido à distância do nível econômico do País e do Ceará. Com base muito menor, a variação é maior. Isso é natural. Seria estranho o contrário, a média nacional crescer acima da local", explica Manso.
ILO SANTIAGO JÚNIOR
Publicado originalmente em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1187177
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