Pokémon Go: por trás do imenso sucesso, tem vinte anos de
trabalho. E muitos aprendizados para você, empreendedor.
Como
diria Vinícius de Moraes, aconteceu “de repente, não mais do que de repente”.
Da noite para o dia, as grandes cidades globais foram, uma a uma, tomadas de
assalto por batalhões e batalhões de Zubats, Pidgeys e Bulbasaurs. Às
centenas de milhares, os Pokémons, famosos monstrenguinhos japoneses criados
nos anos 90 por Satoshi Tajiri, voltaram. E com tudo.
O
jogo para smartphones Pokémon
Go espalhou as criaturas,
primeiro, por cidades da Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos. Causaram um
verdadeiro frenesi nas populações locais, que, de celulares em punho,
imediatamente se puseram a caçá-los por todos os lados. Aos poucos, a investida
foi se estendendo a outros países. Até que, no começo de agosto, as
criaturinhas aportaram no Brasil, para delírio de muita gente por aqui também.
O sucesso foi instantâneo. Mas o trabalho, não
E
bota gente nisso. De acordo com a consultoria Axiom
Capital Management, via Bloomberg, o jogo teria alcançado, entre 15 e
17 de julho de 2016, um pico de 45
milhões de usuários em todo o
mundo. Por mais que esse número já tenha diminuído, ele continua bastante
eloquente ao revelar o tremendo sucesso que o jogo de realidade aumentada,
desenvolvido em parceria pela Niantic,
Inc, a Nintendo e a The Pokémon Company, vem fazendo.
É
natural você presumir que todo esse impacto tenha sido mero acaso,
afinal, tudo aconteceu muito rapidamente. Agora, é melhor que você não
comunique essa impressão ao norte-americano John
Hanke, o criador do jogo. Ele dedicou
“só” 20 anos ao projeto. Seria o caso de soltar aquele famoso
ditado: “você só vê as champagnes que bebo, e não os tombos que levo”.
Perseverança é a palavra-chave
A
jornada de Hanke e sua equipe traz muitos aprendizados para você, empreendedor.
O principal deles é, sem dúvida, a perseverança. De 1996, quando o empreendedor
ajudou a criar o primeiro jogo
multiplayer massivo chamado
‘Meridian 59′, a julho de 2016, quando lançou o Pokémon Go, foram muitos os
passos.
Em
meados dos anos 90, o então estudante John Hanke desenvolveu um sistema para
ligar mapas em todo o mundo por meio de fotos aéreas, programa que o Google
adquiriu para criar o futuro Google
Earth. E ele não parou por aí. Ele criou também, em parceria com o
Google, a startup Niantics Labs, para desenvolver jogos
baseados em geolocalização. O primeiro título foi o ingress. John concebeu,
em 2014, uma pegadinha de 1°
de abril que espalhou pokémons pelo GoogleMaps, e que foi um tremendo
sucesso.
Só
depois de tudo isso foi que Hanke conseguiu levantar, no final de 2015, 25
milhões de dólares (com o Google, a Nintendo e a Pokémon Company). Ele reuniu
uma equipe de mais de quarenta profissionais para desenvolver o fenômeno que
inspirou esse artigo. Como você pode ver, não tem nada de casualidade aí.
Mas,
apesar do longo tempo, o próprio Hanke jamais duvidou do projeto:
“Eu
sempre pensei que fosse possível fazer um jogo sensacional usando todos os
dados de geolocalização que temos. Eu
acompanhava os smartphones se tornando mais e mais poderosos e pensei que chegaria o tempo em que
poderíamos criar um jogo realmente extraordinário de realidade aumentada”.
Uma aula de experiência do usuário
Pokémon
Go também é um ótimo exemplo de UX
Design, o tão desejado User
Experience Design, que nada mais é do que a busca pela satisfação do
usuário por meio de três áreas essenciais: usabilidade, acessibilidade e
interatividade. É o desenho, a projeção de tudo o que vai compor a experiência
de um usuário com um produto. O jogo de Hanke fez bonito aqui também, pois usa features já existentes de aparelhos e
aplicativos bem difundidos. Ou seja, foi desenvolvido para uma
interface com a qual os usuários já têm muita familiaridade.
Além
disso, a imersão, fator
fundamental de qualquer jogo bem-sucedido, foi muito elogiada por especialistas
em UX Design. Sem falar na facilidade com que as pessoas aprenderam a jogar. Em
suma, tudo foi pensado para que os usuários, ao caçarem seus Pokémons, fruíssem
da melhor experiência possível.
Outro acerto: inovação em mobile
Pokémon
Go também dá um show no aproveitamento da plataforma
para a qual foi desenvolvido. O sábio uso de recursos de locação, câmera e
gráficos de alta resolução deu o que falar. Ainda que o jogo apresente algumas
falhas, é sólido o bastante para ter atraído milhões e milhões de usuários.
MAS HÁ UM PONTO EM QUE POKÉMON
GO SE DESTACA DE TODOS OS JOGOS MOBILE CRIADOS ATÉ AQUI: O DA REALIDADE AUMENTADA.
Pokémon
Go é muito bem-sucedido nesse aspecto, principalmente graças à sociabilização que proporciona. Ao possibilitar
verdadeiras ações e interações no mundo real, o jogo vem explorando
possibilidades animadoras. Desconhecidos
estão saindo dos sofás para conversar, congregar e elaborar estratégias de
caça. É um
exemplo significativo de como um jogo bem pensado pode induzir a comportamentos
bastante específicos.
Publicidade misturada à experiência
Para
terminar, uma última lição desse fenômeno chamado Pokémon Go: a criação de um novo fluxo de publicidade online. Enquanto o percurso
tradicional é: anúncio – clique do usuário – aquisição online do produto, o jogo propõe outro
trajeto. Os consumidores estão literalmente entrando nas lojas para capturar os
monstrinhos. Por isso, os criadores do jogo têm uma infinidade de novas
possibilidades a serem exploradas, tanto do ponto de vista da pura experiência
do usuário, quanto do ponto de vista da monetização.
Já
para aos anunciantes, a notícia é ainda melhor: a publicidade se encaixa
perfeitamente nas vidas dos consumidores, em vez de interferir nelas. É marketing de experiência em sua melhor versão, pelo menos até
aqui. Então, agora, você já sabe: entre caçar um Pokémon e outro, vale inspirar
sua gestão com esses ensinamentos.
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