Talvez você até olhe, mas será que vê?
19.05.2013
Por todo o Centro, teatros, bibliotecas, galerias... Quantos dos cerca de 40 espaços de cultura você já visitou?
Entre a Avenida Dom Manoel, acesso ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, e a Rua 25 de Março, próximo à sede da Câmara dos Dirigentes Lojistas, um parque abriga um dos poucos trechos abertos do rio Pajeú, que corre integralmente pela cidade de Fortaleza, mas está, em sua maioria, canalizado em galerias subterrâneas.
Entre a Avenida Dom Manoel, acesso ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, e a Rua 25 de Março, próximo à sede da Câmara dos Dirigentes Lojistas, um parque abriga um dos poucos trechos abertos do rio Pajeú, que corre integralmente pela cidade de Fortaleza, mas está, em sua maioria, canalizado em galerias subterrâneas.
Fachada da Academia Cearense de Letras fotos: lucas de menezes e waleska santiago
Mas antes de se chamar oficialmente Parque do Rio Pajeú, esta área verde era conhecida por Parque das Esculturas, por que, em 1997, uma parceria entre CDL, Prefeitura de Fortaleza e artistas plásticos locais criaria ali um museu ao ar livre para exposição permanente de obras de artistas locais.
Das 16 esculturas, umas poucas sobrevivem, como Ecos do Cangaço, de Patricia Al´Kary e os restos mortais de Arboriforme, de Sérgio Lima.
Mas antes de se chamar oficialmente Parque do Rio Pajeú, esta área verde era conhecida por Parque das Esculturas, por que, em 1997, uma parceria entre CDL, Prefeitura de Fortaleza e artistas plásticos locais criaria ali um museu ao ar livre para exposição permanente de obras de artistas locais.
Das 16 esculturas, umas poucas sobrevivem, como Ecos do Cangaço, de Patricia Al´Kary e os restos mortais de Arboriforme, de Sérgio Lima.
Segundo a CDL, os serviços de limpeza e jardinagem, que são de sua alçada, têm acontecido regularmente (como nossa equipe pode constatar). A manutenção e recuperação das peças, desde o início, ficaram a cargo da prefeitura.
O antigo Parque das Esculturas é apenas um exemplo de um espaço do Centro pelo qual costumamos passar nem sequer saber que se trata de um equipamento cultural.
Listados pela diretora do Theatro José de Alencar, Izabel Gurgel, os lugares dedicados à cultura no Centro da cidade se aproximam de 40, mais da metade da quantidade de equipamentos em toda Fortaleza, que, segundo a Prefeitura, deve chegar a 70.
O número é sintomático, já que, apesar de todas as intempéries do bairro, ele permanece como referência cultural.
O antigo Parque das Esculturas é apenas um exemplo de um espaço do Centro pelo qual costumamos passar nem sequer saber que se trata de um equipamento cultural.
Listados pela diretora do Theatro José de Alencar, Izabel Gurgel, os lugares dedicados à cultura no Centro da cidade se aproximam de 40, mais da metade da quantidade de equipamentos em toda Fortaleza, que, segundo a Prefeitura, deve chegar a 70.
O número é sintomático, já que, apesar de todas as intempéries do bairro, ele permanece como referência cultural.
Uma perspectiva interessante sobre a relação de um equipamento de cultura com o Centro é a do presidente da Academia Cearense de Letras, José Augusto Bezerra. "Nossa relação é nobre, já que estamos instalados em um prédio por onde passaram, nos últimos 140 anos, os dirigentes da nossa terra. Um local que, além de belo, por causa da praça, é também um lugar que evoca a grandeza da história, da saga da nossa gente. Por esse lado, é um local primoroso, não poderíamos ter outro melhor. Mas com o crescimento da cidade, vivemos o outro lado desse privilégio, pagando um preço alto. De certa forma, houve um esquecimento do Centro", reflete.
Centro de inteligência
A ACL é, aliás, um outro espaço que, por exemplo, poucos dos usuários do transporte público que esperam seus ônibus na parada em frente ao prédio sabem identificar.
O local, no entanto, é sede de quinze outras academias e agremiações, como a Academia Fortalezense de Letras, a Academia Metropolitana de Letras e a Academia Cearense de Retórica.
"A única academia que tem sede própria é a nossa, então abrigamos todas as outras. É um engano dizer que não somos uma organização ativa. Isso aqui é um ninho cultural", afirma. O presidente, aliás, se ressente de não ter ainda reformado o prédio e posicionado a entrada da instituição para a Rua Sena Madureira. "O certo seria entrar por lá, mas aqui em frente, além de bancas de vendedores, tem uma parada de ônibus bem na porta e, por isso, ainda não abrimos aquele lado", explica.
Além disso, possui, em sua biblioteca, o maior acervo sobre literatura cearense. Nesta área de publicações, é responsável ainda por editar livros de acadêmicos e reeditar obras relevantes da nossa literatura.
Segundo Augusto Bezerra, como forma de ampliar a ação da ACL na sociedade, o presidente pretende, entre outros, promover cursos de português e de formação para professores. "Somos um centro de inteligência, queremos lutar por um povo mais culto, mais conhecedor da nossa literatura", defende.
Para garantir que as iniciativas da Academia possam não apenas permanecer, mas serem, de fato, ampliadas, José Augusto adianta que uma audiência pública com o atual prefeito, Roberto Claudio, e o governador Cid Gomes está sendo agendada.
"Eles devem vir aqui para se reunir com nossos acadêmicos, e pretendo, sim, falar sobre a situação do entorno, da praça. Infelizmente, não apenas para nossas reuniões e cerimônias, mas também para nossos funcionários está sendo muito arriscado", desabafa.
Um reduto para teatro e dança à beira da Duque
Em 1994, a irmandade dos Marista inaugurava um teatro. O primeiro rascunho da obra foi feito pelo dramaturgo Walden Luiz, atual diretor do Teatro Antonieta Noronha. "Acho que, pela tradição europeia, os diretores do colégio tinham muito apreço pelas artes e estimulavam os alunos a fazer teatro. O que havia antes era um teatrinho interno, onde dávamos aulas aos próprios estudantes", relembra Walden.
Centro de inteligência
A ACL é, aliás, um outro espaço que, por exemplo, poucos dos usuários do transporte público que esperam seus ônibus na parada em frente ao prédio sabem identificar.
O local, no entanto, é sede de quinze outras academias e agremiações, como a Academia Fortalezense de Letras, a Academia Metropolitana de Letras e a Academia Cearense de Retórica.
"A única academia que tem sede própria é a nossa, então abrigamos todas as outras. É um engano dizer que não somos uma organização ativa. Isso aqui é um ninho cultural", afirma. O presidente, aliás, se ressente de não ter ainda reformado o prédio e posicionado a entrada da instituição para a Rua Sena Madureira. "O certo seria entrar por lá, mas aqui em frente, além de bancas de vendedores, tem uma parada de ônibus bem na porta e, por isso, ainda não abrimos aquele lado", explica.
Além disso, possui, em sua biblioteca, o maior acervo sobre literatura cearense. Nesta área de publicações, é responsável ainda por editar livros de acadêmicos e reeditar obras relevantes da nossa literatura.
Segundo Augusto Bezerra, como forma de ampliar a ação da ACL na sociedade, o presidente pretende, entre outros, promover cursos de português e de formação para professores. "Somos um centro de inteligência, queremos lutar por um povo mais culto, mais conhecedor da nossa literatura", defende.
Para garantir que as iniciativas da Academia possam não apenas permanecer, mas serem, de fato, ampliadas, José Augusto adianta que uma audiência pública com o atual prefeito, Roberto Claudio, e o governador Cid Gomes está sendo agendada.
"Eles devem vir aqui para se reunir com nossos acadêmicos, e pretendo, sim, falar sobre a situação do entorno, da praça. Infelizmente, não apenas para nossas reuniões e cerimônias, mas também para nossos funcionários está sendo muito arriscado", desabafa.
Um reduto para teatro e dança à beira da Duque
Em 1994, a irmandade dos Marista inaugurava um teatro. O primeiro rascunho da obra foi feito pelo dramaturgo Walden Luiz, atual diretor do Teatro Antonieta Noronha. "Acho que, pela tradição europeia, os diretores do colégio tinham muito apreço pelas artes e estimulavam os alunos a fazer teatro. O que havia antes era um teatrinho interno, onde dávamos aulas aos próprios estudantes", relembra Walden.
William Benício (à esquerda) e Walden Luiz (à direita) no Teatro Marista. Com quase 20 anos, o palco do antigo Colégio Cearense faz história
FOTO: ALEX COSTA
Mesmo pequeno, aquele primeiro espaço já fora palco para grandes nomes do teatro cearense, como Ary Sherlock, Marcus Miranda e B. de Paiva. Walden, porém, convencera os Marista à construir um teatro maior. "Disse que seria bom porque daria visibilidade ao colégio. Seria bom para o marketing, porque toda vida que alguém se apresentasse no Teatro Marista, faria propaganda", explica.
Mesmo pequeno, aquele primeiro espaço já fora palco para grandes nomes do teatro cearense, como Ary Sherlock, Marcus Miranda e B. de Paiva. Walden, porém, convencera os Marista à construir um teatro maior. "Disse que seria bom porque daria visibilidade ao colégio. Seria bom para o marketing, porque toda vida que alguém se apresentasse no Teatro Marista, faria propaganda", explica.
Assim nasceu um dos melhores teatros da cidade. Naquela época, há quase 20 anos, mas também agora. Com dez metros de boca e doze de fundo, o teatro é um dos únicos que possui linóleo no palco, cobertura própria para o balé clássico, além de som e iluminação digital.
"Somos um dos teatros de Fortaleza mais preparados para espetáculos de dança. O curso de Educação Física da Faculdade Marista possui uma companhia, que utiliza o espaço, mas não só ela. Estamos em maio e toda a pauta do teatro de novembro e dezembro já está fechada, só com festivais de dança", revela William Benício, administrador do espaço.
"Uma das administrações preferiu vincular os serviços do teatro apenas ao colégio e deixá-lo mais afastado de outras pautas, isso acabou tornando ele meio distante das companhias", comenta Walden. De fato, nem todo mundo escuta falar do teatro nas proximidades da Avenida Duque de Caxias.
"Isso aqui é um presente dos Maristas para a cidade. Hoje, uma empresa privada precisa entender que um teatro pode não dar retorno financeiro, mas existe sim um retorno em visibilidade, em marketing. O que falta é visão empreendedora, às vezes", reforça Walden.
Insegurança
Como equipamento cultural do Centro, o local também sofre com as agruras do bairro. William trabalha no teatro há 13 anos e, há pelo menos oito, ele viu o Centro mudar. "Piorou muito. Antes, era possível caminhar à noite ou pelo menos esperar um ônibus na parada depois do espetáculo. Assim é complicado querer que as pessoas usem o transporte público. Tivemos que cercar o estacionamento do teatro porque os marginais tentavam levar os carros, quebrar vidro", denuncia o administrador.
Segundo ele, na esquina do espaço, a prostituição afasta espectadores. "Pais vêm com seus filhos a espetáculos infantis e, ao sair, elas tiram a roupa, algumas até assaltam também. É constrangedor pra gente, por causa das crianças, sabe?", comenta.
SAIBA MAIS
"Somos um dos teatros de Fortaleza mais preparados para espetáculos de dança. O curso de Educação Física da Faculdade Marista possui uma companhia, que utiliza o espaço, mas não só ela. Estamos em maio e toda a pauta do teatro de novembro e dezembro já está fechada, só com festivais de dança", revela William Benício, administrador do espaço.
"Uma das administrações preferiu vincular os serviços do teatro apenas ao colégio e deixá-lo mais afastado de outras pautas, isso acabou tornando ele meio distante das companhias", comenta Walden. De fato, nem todo mundo escuta falar do teatro nas proximidades da Avenida Duque de Caxias.
"Isso aqui é um presente dos Maristas para a cidade. Hoje, uma empresa privada precisa entender que um teatro pode não dar retorno financeiro, mas existe sim um retorno em visibilidade, em marketing. O que falta é visão empreendedora, às vezes", reforça Walden.
Insegurança
Como equipamento cultural do Centro, o local também sofre com as agruras do bairro. William trabalha no teatro há 13 anos e, há pelo menos oito, ele viu o Centro mudar. "Piorou muito. Antes, era possível caminhar à noite ou pelo menos esperar um ônibus na parada depois do espetáculo. Assim é complicado querer que as pessoas usem o transporte público. Tivemos que cercar o estacionamento do teatro porque os marginais tentavam levar os carros, quebrar vidro", denuncia o administrador.
Segundo ele, na esquina do espaço, a prostituição afasta espectadores. "Pais vêm com seus filhos a espetáculos infantis e, ao sair, elas tiram a roupa, algumas até assaltam também. É constrangedor pra gente, por causa das crianças, sabe?", comenta.
SAIBA MAIS
Lista de equipamentos culturais do centro
- Associação Cearense de Imprensa/ACI
- Academia Cearense de Letras/ACL
- Acervo Cristiano Câmara
- Centro Cultural do Banco do Nordeste/CCBNB
- Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
- Casa de Artes e Ofícios Tomaz Pompeu
- Cidade da Criança
- Instituto Histórico do Ceará
- Instituto da Memória do Povo Cearense / Imopec
- Instituto CDL
- Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB Sede Passeio Público (em obra)
- Museu da Indústria (em obra)
- Emcetur
- Espaço Cultural do Crea
- Mercado Central
- Parque do rio Pajeú
- Plebeu Gabinete de Leitura
- Museu das Secas - Dnocs (em obra)
- Secult Ceará
- Arquivo Público
- Cine São Luiz
- Museu do Ceará
- Sobrado Dr. José Lourenço
- Teatro Carlos Câmara
- Theatro José de Alencar
- Biblioteca Pública Estadual
- Secult Fortaleza
- Passeio Público
- Teatro Antonieta Noronha
- Teatro São José
- Anfiteatro do Paço Municipal
- Jardim do Paço Municipal
- Vila das Artes
- Centro de Referência do Professor
- Sesc Unidade Centro
- Sesc Unidade Fortaleza
- Sest Senat
- Seminário da Prainha
- Teatro Marista
MAYARA DE ARAÚJO
- Associação Cearense de Imprensa/ACI
- Academia Cearense de Letras/ACL
- Acervo Cristiano Câmara
- Centro Cultural do Banco do Nordeste/CCBNB
- Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
- Casa de Artes e Ofícios Tomaz Pompeu
- Cidade da Criança
- Instituto Histórico do Ceará
- Instituto da Memória do Povo Cearense / Imopec
- Instituto CDL
- Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB Sede Passeio Público (em obra)
- Museu da Indústria (em obra)
- Emcetur
- Espaço Cultural do Crea
- Mercado Central
- Parque do rio Pajeú
- Plebeu Gabinete de Leitura
- Museu das Secas - Dnocs (em obra)
- Secult Ceará
- Arquivo Público
- Cine São Luiz
- Museu do Ceará
- Sobrado Dr. José Lourenço
- Teatro Carlos Câmara
- Theatro José de Alencar
- Biblioteca Pública Estadual
- Secult Fortaleza
- Passeio Público
- Teatro Antonieta Noronha
- Teatro São José
- Anfiteatro do Paço Municipal
- Jardim do Paço Municipal
- Vila das Artes
- Centro de Referência do Professor
- Sesc Unidade Centro
- Sesc Unidade Fortaleza
- Sest Senat
- Seminário da Prainha
- Teatro Marista
MAYARA DE ARAÚJO
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
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