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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Como transformar-se digitalmente e reinventar seu negócio




OPINIÃO
Samuel Leite
Sócio e head de marketing e comunicação da MZ









Tornar uma empresa digital implica em fazer mudanças não só em equipamentos e sistemas, mas imprimir essa nova mentalidade na cultura corporativa e fazer chegar aos processos

29 de novembro de 2017 - 11h08

O Emirates Palace, luxuoso hotel em Abu Dabhi, é um cenário de sonho. Com quase 400 quartos e amplo centro de convenções, oferece uma experiência única como principal apelo de vendas. Mas havia uma demanda não atendida que incomodava os clientes: a falta de conexão wireless de alta velocidade. A infraestrutura ultrapassada não atendia aos requisitos modernos e exigia a configuração manual de cerca de mil pontos de acesso, impactando custos e produtividade internos. Ciente de que isso estava prejudicando os negócios e que era uma questão crucial para os próximos anos, resolveu atualizar simultaneamente suas redes com e sem fio. Como resultado, hoje o sinal de wi-fi chega até mesmo a sua praia particular e é um dos serviços mais elogiados pelos hóspedes nas redes sociais. Se você teve a paciência de ler esse parágrafo gigante até aqui, você acaba de conhecer um caso de sucesso da transformação digital.

As palavras-chave para entender o que é de fato a tão falada transformação digital são “crucial para o negócio” e “demanda dos clientes”. Quando se vê por todos os lados especialistas afirmando que esta é uma revolução sem volta e o principal desafio das corporações, não se trata de criar SACs virtuais, websites, e-mails ou perfis em redes sociais. Tudo isso certamente é muito válido na era do consumidor online e ativo. Mas são apenas iniciativas digitais.

Tornar uma empresa digital implica fazer mudanças não só em equipamentos e sistemas, mas imprimir essa nova mentalidade na cultura corporativa e fazer chegar aos processos. É de fato usar a tecnologia para obter melhores resultados de negócios, acompanhando a evolução e tendências de uma sociedade altamente conectada. Ou seja, uma verdadeira transformação mesmo. Não é simples nem barato e leva tempo, mas se tornou tão fundamental para a sobrevivência a longo prazo em um mercado cada vez mais competitivo, que está tirando o sono — e bilhões de dólares — dos executivos.

Mudar a cultura não significa perder a identidade e sim ampliar os horizontes para assimilar as inovações e compreender como a empresa, com seu perfil, portfólio e estrutura, pode empreender uma transição positiva em meio a um movimento inevitável. Requer apoio e adesão das lideranças para o engajamento, demonstrando que não é só mais um projeto de TI, mas uma nova forma de operar que vai envolver a todos, com ganhos em produtividade, eficiência e faturamento. E o mais difícil: convencer os acionistas a apoiarem uma iniciativa cujo retorno muitas vezes é intangível e lento. Não dá para estabelecer um ROI, mas dá para apresentar alguns números que podem ajudar a abrir essa visão de futuro.

Estudo do Research from the Center for Global Enterprise (CGE) aponta que a transformação digital pode reduzir custos em 50% nos processos de supply chain e expandir o faturamento em 10%. A GE, que está no meio de um plano ambicioso de transformação digital, pretende ter já transferido 70% de sua base de TI para a nuvem até 2020. A transferência de um único sistema, responsável por processar pedidos de clientes da divisão de óleo e gás, representou uma diminuição das despesas de US$ 65 mil para US$ 6 mil. A expectativa da companhia, ao final do período de transição, é de injetar no negócio cerca de US$ 1,5 bilhão ganho em produtividade industrial e faturar outros US$ 15 bilhões com produtos e serviços digitais.

A transformação digital exige esforço, dinheiro, foco, tempo para caminhar em etapas e capacitação, mas abre um panorama de oportunidades sem igual para quem chega lá. Mais do que sobreviver e ser viável, o ingresso no mundo do Big Data, internet móvel, mídias sociais e marketing customizado pode revelar novos segmentos de mercado e modelos de negócios. E reverter o que parecia ser uma ameaça em uma chance de se reinventar, aproveitando todos os benefícios que a inovação e a conectividade trazem. E não adianta correr para as colinas — a salvação está na nuvem.

Fonte: Meio&Mensagem

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