Foto: Exame.com
Muitos empreendedores
não se prepararam como deveriam no que diz respeito ao entendimento do
mercado em que atuam. Falham ao levantar as informações que estão
disponíveis na internet. Neste caso, precisam aprender a usar a opção
Google Advanced Search em que pesquisas mais direcionadas podem ser
feitas. Erram ao não buscar conhecimento em revistas, sites e empresas
de pesquisa especializadas e associações do setor. Desconhecem que podem
ressuscitar sites antigos de concorrentes ou de negócios semelhantes
que fracassaram no Archive.org para analisar o que aconteceu.
Mas o maior erro é não interagir diretamente com o mercado em que
pretendem atuar. Não raro, o sonho de criar um negócio vira pesadelo
logo no primeiro mês. É a moça que sempre sonhou em abrir uma loja de
calçados e depois descobre (tarde) que gosta de sapatos, mas não de
vendê-los. É o rapaz que abriu um negócio de chocolates, mas depois de
um mês percebeu que aquele cheiro dá enxaqueca.
Para conhecer (de fato) o mercado, é preciso estar dentro dele. Alguns
empreendedores brasileiros fizeram (muito bem) a lição de casa. Veja
alguns exemplos:
Viva a experiência atual do cliente: Robinson Shiba,
fundador do China in Box, antes de abrir o negócio visitou todos os
restaurantes chineses que encontrou no Brasil. Foi com um olhar de
antropólogo, observando quem eram os clientes, do que gostavam e não
gostavam, como escolhiam o restaurante, se lembravam ou não do nome do
estabelecimento, quem eram os melhores cozinheiros, entre outras
informações. Viver a experiência atual do cliente não é simplesmente
comprar o produto ou usar o serviço. É importante que o futuro
empreendedor perceba e analise a experiência que o cliente tem como um
todo, antes, durante e depois da interação com a empresa.
Trabalhe no ramo: Alexandre Borges, não o ator, mas o
empreendedor da Mãe Terra, uma das líderes do mercado de alimentos
naturais no Brasil, bem antes de começar a vender granola e grãos, se
mandou para os Estados Unidos para trabalhar na The Whole Foods, maior
varejista de produtos naturais, integrais e orgânicos do mundo. Lá
aprendeu como funciona a rede e interagiu com os produtos e
fornecedores. De volta ao Brasil, comprou uma marca tradicional que
apenas ensacava produtos in natura e a posicionou no lucrativo mercado
de alimentação saudável.
Prototipe e valide sua ideia antes: Todos os
empreendedores que passam pelos novos programas de aceleração de
startups aprendem que uma ideia em si não vale nada e que o mais
importante é como o mercado reage a ela. Mas isto não foi válido apenas
para startups de tecnologia como a EasyTaxi, iFood ou TruckPad. Juliana
Motter era jornalista e trabalhava em uma revista feminina. Um amigo
iria lançar um livro e pediu que ela preparasse alguns brigadeiros para
servir no evento de lançamento. O brigadeiro fez mais sucesso que o
livro e Juliana atendeu vários pedidos trabalhando em casa antes de
decidir abrir a Maria Brigadeiro, a primeira brigaderia do mundo.
Conhecer o mercado é mais do que informações e dados, é querer conhecer
gente, é gostar de pessoas e principalmente, entender como pode melhor
servi-las.
Marcelo Nakagawa é professor de empreendedorismo do MBA Executivo do Insper
Fonte: Exame.com
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