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quarta-feira, 26 de março de 2014

O Centro que dá certo






FORTALEZA 26/03/2014

Fala-se muito da necessidade de revitalização, mas o Centro está bem vivo: com fluxo de 400 mil pessoas ao dia, 3,7 mil empresas e arrecadação de ICMS maior que a de qualquer município cearense - exceto Fortaleza

Bruno Cabral
brunocabral@opovo.com.br


                                                                                 ETHI ARCANJO


O dinheiro está no Centro. Nenhum município cearense, exceto a Capital, arrecada mais impostos do que o bairro que ocupa uma área de 5,45km². No ano passado, apenas em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) foram R$ 237 milhões, com suas 3.702 empresas, segundo a Secretaria da Fazenda (Sefaz). Além disso, há cerca de 1.500 ambulantes cadastrados de acordo com dados do final de 2013 da Secretária Regional do Centro. “É o maior shopping a céu aberto do Ceará”, gostam de dizer os comerciantes. Dentre os segmentos, destacam-se confecções, calçados, eletroeletrônicos, e óticas.

Embora conte com apenas 28.538 habitantes (Censo 2010), a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDLFor) estima que, em média, cerca de 400 mil pessoas circulem pelo Centro diariamente. São pessoas de todas as regiões de Fortaleza e Região Metropolitana que ali trabalham, estudam, buscam serviços ou vão às compras. Além disso, o Centro concentra alguns dos principais prédios históricos do Ceará.

Apesar de o comércio do Centro ter começado a perder espaço para os shoppings a partir da década de 1970, a exemplo do que ocorreu em outras grandes cidades brasileiras, o bairro nunca deixou de atrair grandes marcas, abrangendo todos os públicos. Como escreveu o empresário Pio Rodrigues no livro “Fortaleza – Cidade e Economia”, o Centro é a área do comércio de Fortaleza por excelência. “Onde se pode comprar de um automóvel a uma erva medicinal. Todas as frações da população circulam e interagem com o centro”.

Segundo Catiane Silva, gerente de vendas da Arezzo, uma das maiores marcas de varejo de calçados e acessórios femininos da América Latina, o perfil do público da unidade da Rua Barão do Rio Branco não é diferente do que frequenta as outras lojas. “A grande maioria das nossas clientes trabalha no Centro mesmo, em bancos, cartórios ou no comércio. Mas tem também o público que vem ao Centro por ser mais próximo de suas casas”. Apesar das semelhanças, a gerente diz que as clientes do Centro costumam pagar mais em espécie, enquanto as do shopping pagam mais com cartão. “E os preços são os mesmos”, complementa Catiane, que já trabalhou em shopping.

Já Pedro Ivo Frota, diretor de marketing da Ibyte, loja especializada em eletroeletrônicos e informática, diz que o público das suas lojas do Centro não é o mesmo do da Aldeota, mas os preços sim. “O público do Centro tem um poder de compra muito grande quando você divide em parcelas e compra no cartão de crédito”. Segundo ele, o mesmo fenômeno ocorre nas lojas da Ibyte dos centros de São Luís (MA) e de Teresina (PI). Ele diz que o volume de vendas varia conforme o tamanho da loja, mas que o faturamento por metro quadrado das lojas é semelhante, seja no Centro ou nos shoppings. A empresa tem apostado cada vez mais no Centro. Das 12 unidades em Fortaleza, três são no bairro, inauguradas em 2012 e 2013.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL Fortaleza), Freitas Cordeiro, não há local melhor para o comerciante em Fortaleza do que o Centro. “As lojas do Centro batem quaisquer outras, de outros locais, tanto em faturamento como em volume de vendas”.

Desenvolvido às margens do riacho Pajeú, é no Centro que o passado e o presente da cidade ainda pulsam. “Sem dúvida, é o lugar onde se reconhece o passado da capital cearense. Há prédios incríveis e que merecem mais atenção”, afirma o designer gráfico, Victor Farias, 24. Ele ainda define o bairro como um espaço democrático. “Todas as classes sociais convivem neste aglomerado”. (colaborou Janaína Marques)

Multimídia

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POR QUE IR AO CENTRO?


“Foi a partir dele que a cidade cresceu. Especificamente, Galeria do Rock, Galeria Pedro Jorge...”.

Fernando Antônio Calado Justa

“Retornar à nossa história e viver um pouco dela”.

Louise Porto Freire Lima

“Alguns bons botequins”.

Samara Passos

“A diversidade de pequenos restaurantes com preços nota 10, as praças, os artistas, as mais belas igrejas, a Catedral”.
Elisângela Lopes

“O ponto de partida para avaliar o processo de urbanização”.
Solange Monteiro

“Raimundo dos Queijos, lojas de R$ 1,99 e as boas histórias da Praça do Ferreira”.
Soriel Leiros

Local agradável, onde se encontram pessoas de todos os bairros.
Tadashi Enomoto



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