LOJAS FÍSICAS
13.01.2014
Novidades e tendências para o setor estão sendo apresentadas no Retail's Big Show, em Nova York, nesta semana
Nova York. Como as lojas físicas poderão prosperar no Século XXI? A pergunta, tema da principal sessão de ontem do Retail's Big Show, que acontece em Nova York, foi respondida com cases de mercado e levou à reflexão varejistas do mundo todo. Eles lotaram o North Hall do Jacob K. Javits Convention Center, neste domingo, 12. A sessão foi liderada por Rick Caruso, fundador e CEO da Caruso Affiliated, reconhecida mundialmente como um dos mais inovadores e bem-sucedidos desenvolvedores de complexos varejistas. Sua receita: o comprometimento com o senso de serviço à comunidade local, ou seja, oferecendo uma experiência de consumo ligada à cultura de cada lugar onde se insere.
Os presidentes da CDL de Fortaleza, Freitas Cordeiro, e da FCDL, Honório Pinheiro, estão nos EUA e falaram com o Diário do Nordeste
Fotos: Divulgação
Caruso considera que as lojas físicas, frente ao varejo on-line, possuem oportunidade de renascimento, com foco na criação do que chamou de uma "experiência de compra mágica". Conforme comenta o empresário, o consumidor quer se sentir bem no ambiente de consumo e assim, seguramente, compra mais. "O sucesso está na conexão do varejo com o seu público", ensina.
As principais lideranças lojistas cearenses estão atentas às novidades e tendências apresentadas no Retail's Big Show, com a participação de uma delegação com 34 pessoas. Os presidentes da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL), Honório Pinheiro, e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Freitas Cordeiro, ao lado do presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pelizzaro, comentaram ao Diário do Nordeste
sobre o novo desenho de negócio nas lojas físicas.
Segundo Honório Pinheiro, "embora reconheça que no Ceara há uma vocação para o varejo por conta de uma série de fatores que contribuem, o que se trata aqui é da experiência de compra, que deve ser construída caso a caso. Nós precisamos não só ter vocação, mas muito mais do que isso construir o ambiente de consumo, ouvindo as pessoas", avalia. O que ficou provado nesse painel, disse, é que "os avanços tecnológicos são complementares. Vamos ter sempre a necessidade de contar com eles, mas adaptando à nossa realidade".
Ainda de acordo com Pinheiro, seja qual for a comunidade que surge, ela nasce junto a um pequeno comércio, que pode obter êxito caso se adapte à sua cultura, aos modos com os quais os clientes da comunidade vivenciam e precisam ser atendidos. "Então o que está presente é a chamada psicologia do consumidor", assinala.
O presidente da FCDL considera também que a experiência mostrada por varejistas dos EUA, na manhã de ontem, detém lições fáceis de serem colocadas em prática na realidade cearense. "Quem está adotando essa estratégia, com foco no ambiente de negócio, tem se dado bem em Fortaleza", ilustra. Agora, aponta Pinheiro, a expectativa é de repassar a experiência adquirida no Retail's Big Show aos demais lojistas no Estado. "No Cenários de Varejo – que acontecerá nos dias 20 e 21 de fevereiro – vamos levar as informações para oportunizar o conhecimento aos que não estiveram aqui. Nosso papel é de agente catalizador das boas práticas". Ele conclui que o varejo é global. Os canais de venda vão se complementando com o surgimento das tecnologias como vetor de venda, as coisas vão se modificando e se complementando".
Rick Caruso, da Caruso Affiliated, foi o palestrante da principal sessão de ontem, no evento que acontece no North Hall do Jacob K. Javits Convention Center
Chave é o relacionamento
Para Roque Pelizzaro, da CNDL, pode-se dizer que o varejo físico tem um espaço assegurado no futuro do comércio. Entretanto, ele vai ter que se redesenhar e voltar à origem do varejo. "Resumindo isso tudo em uma palavra ela é: relacionamento", diz. Para ele, "a loja física vai ter que usar a tecnologia para melhorar o relacionamento com o seu cliente. O que aconteceu ao longo do tempo foi que o varejo foi crescendo, se distanciando e se desarmonizando com a sua clientela. E o varejo físico que vai permanecer no século XXI é o focado no relacionamento, no contato, num trânsito de informações em duas vias", diagnostica Pelizzaro. Ele entende ainda que o conceito de lojas muito grandes está morrendo. "Surgem lojas menores, mais focadas na comunidade onde estão e com um portfólio adequado àquele ambiente", conclui.
Desempenho do setor e Copa
Ao fazer um balanço do ano passado e projetar o atual, Roque Pelizzaro afirma que 2013 não foi um ano ruim para o setor. "É que estávamos acostumados a um crescimento muito acima do que se viu. O Brasil está sob um novo patamar de resultado. Não existe nenhum cenário futuro que possa projetar uma expansão como tivemos em 2010, 2011. Nós teremos neste ano um cenário muito parecido com o de 2013, com expansão prevista de 4,5%”, avaliou.
A preocupação, segundo revelou, é com a situação do comércio nas cidades sedes da Copa – caso de Fortaleza. Para o líder lojista o setor pode passar pelo percalço de lojas fechadas nos feriados de dias de jogos. "É uma anomalia que vai trazer um prejuízo enorme para essas economias, que são as 12 principais cidades brasileiras", dispara.
Segundo ele, foi iniciado um diálogo no fim do ano, no sentido de tentar reverter isso, que deve ser retomado agora. "Oficiamos ao Ministério dos Esportes e "à Secretaria Nacional da Copa para que revejam essa posição. O turista quer o comércio aberto", afirma. Atualmente, acrescenta não há ainda nenhuma sinalização de resultado". De acordo com Honório Pinheiro, da FCDL, conversas com o governo estadual e a Prefeitura de Fortaleza também foram iniciadas.
Regina Carvalho
Editora de Economia
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