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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Inflação em Fortaleza continua resistente; a 2ª maior do País

O IPCA de abril registrou elevação de 0,78% na Capital cearense, índice superior à média nacional (0,55%)

Apesar dos esforços do governo federal para conter a elevação dos preços, a inflação continua a crescer, impactando fortemente o bolso dos consumidores, sobretudo os de Fortaleza. Em abril, a Capital cearense registrou o segundo maior aumento de preços do País: 0,78%, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta ocorrida em Fortaleza ficou acima da média nacional (0,55%) e atrás apenas da anotada em Recife (0,90%).


Os alimentos apresentaram as maiores altas, com destaque para a batata inglesa (33,80%), cebola (21,02%), banana-prata (13,04%) e o tomate (10,56%) FOTO: FÁBIO LIMA

Considerando a inflação acumulada entre janeiro e abril deste ano, a Capital cearense também ocupa a segunda posição no ranking nacional, com alta de 3,16%. Novamente, o resultado foi superior à média do País (2,50%) e ficou atrás de Recife (3,19%). Na análise dos últimos 12 meses, Fortaleza também é a segunda no ranking, com uma inflação acumulada de 8,22%, índice acima da média nacional (6,49%) e superado apenas por Belém (9,05%).

Na avaliação do economista Alex Araújo, a seca é o principal responsável pelo crescimento da inflação na Capital do Ceará. "Fortaleza tem uma influência muito grande da seca, que encareceu o preço dos alimentos, sobretudo daqueles de consumo imediato, como hortaliças e frutas, que são de produção local. Por conta disso, a desoneração em itens da cesta básica não foi suficiente (para conter a inflação)", afirma.

Impactos

No mês passado, uma das principais contribuições para o aumento de 0,78% na inflação de Fortaleza veio do grupo de alimentação e bebidas, que registrou alta de 1,49%. Este grupo teve um peso de 32,24% na composição do IPCA da Capital. Outro grupo de contribuiu para a inflação maior foi o de alimentação no domicílio, com alta de 1,73% e peso de 24,42%.

Considerando os produtos e serviços, as maiores altas ocorreram na batata inglesa (33,80%), cebola (21,02%), banana-prata (13,04%), tomate (10,56%), laranja-pera (9,93%), cenoura (8,82%), feijão mulatinho (7,72%), reforma de estofado (7,76%) e melancia (7,33%).

Já as principais quedas foram registradas nos seguintes itens: passagem aérea (-25,25%), peixe serra (-10,42%), feijão fradinho (-5,91%), alcatra (-5,70%) e contrafilé (-5,53%).

Perspectivas

De acordo com Alex Araújo, o mercado aguarda uma redução dos preços de alguns produtos no segundo semestre deste ano, tendo em vista a expectativa de uma maior produção agrícola no País, apesar da seca enfrentada pelo Nordeste. No entanto, mesmo com uma maior produção de alimentos no País, os cearenses devem continuar sentindo no bolso os efeitos da seca.

"A seca já começou a impactar o fornecimento de alimentos de produção local e não há perspectiva de mudança para este cenário. Devemos sofrer esses efeitos durante todo o ano, apesar da safra maior no País. Assim, o consumidor vai ter que tentar ajustar a sua cesta de consumo à oferta de mercado", destaca o economista.

INPC

O IBGE também divulgou ontem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos. Em abril, Fortaleza registrou aumento de 0,90% no INPC, ocupando a segunda colocação no ranking nacional, atrás de Recife (0,96%). No acumulado deste ano, contudo, Fortaleza assume a primeira colocação no ranking, com alta de 3,73% no INPC.

PROTAGONISTA

Itens mais caros são excluídos da lista de compras

O contador Werlon Alves, que compra alimentos semanalmente nos supermercados da Capital, afirma que, desde o início de ano, tem percebido um forte aumento no preço dos produtos. Ele conta que as frutas estão mais caras, sobretudo a banana. No entanto, a maior elevação de preços foi percebida em itens como a farinha e o tomate. Para minimizar o impacto que a aquisição destes alimentos pode ter no orçamento, o contador afirma que tem optado por marcas mais baratas ou por excluir estes itens da lista de compras.

IPCA não agrada ao mercado

Rio. A inflação voltou a se situar abaixo do teto da meta fixada pelo governo - entre 4,5% e 6,5% -, acumulando alta de 6,49% nos 12 meses até abril. Para o mercado, no entanto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês passado não agradou. "O elefante permanece solidamente na sala de estar, com a inflação flertando com o limite superior da meta", enfatizou o economista e sócio da Schwartsman & Associados, Alexandre Schwartsman.

A alta de preços de abril, de 0,55%, ficou acima da expectativa dos analistas, que esperavam que os alimentos ajudassem mais a conter a inflação do que ocorreu de fato. De março para abril, a inflação do grupo passou de 1,14% para 0,96%.

"Esperávamos que o grupo cedesse mais por conta da dissipação do choque agrícola, ocorrido em meados de 2012, e da desoneração da cesta básica, anunciada no final de março", disse o economista-chefe do banco Bradesco, Octavio de Barros.

Alimentos

A notícia que mais provocou reação positiva do mercado na divulgação feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi a perspectiva de continuidade do processo de retração dos preços dos alimentos, comportamento já captado pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Este indicador trouxe deflação de 5,43% dos preços agrícolas no atacado, em 2013. E a expectativa é que essa queda alcance, gradativamente, o varejo e seja refletida no IPCA dos meses seguintes.

A inflação deverá perder força em decorrência da safra recorde deste ano e do fim do período de entressafra das hortaliças, frutas e legumes. Além disso, os remédios, item que, isoladamente, mais influenciou o IPCA em abril, não deverão ter o mesmo efeito daqui para frente. Dessa vez, a alta de preços dos remédios, de 2,99%, refletiu o reajuste autorizado dos preços em 31 de março, de 2,70% a 6,31%.

Projeções

Com o aumento acima do esperado do IPCA em abril, economistas reavaliam suas expectativas para a inflação de maio. A consultoria LCA elevou de 0,33% para 0,37% a projeção de alta do índice neste mês, com o acumulado em 12 meses se mantendo em torno dos 6,5%.

DHÁFINE MAZZA
REPÓRTER




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