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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A ESPERANÇA DO RECOMEÇO

















“Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo o impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”

Esse trecho, extraído da crônica. Quase, escrita por uma jovem catarinense de 21 anos, revela a profundidade de uma mente tão profícua, que muitos, inclusive um renomado jornal francês, chegaram a republicar o texto como sendo do grande Luís Fernando Veríssimo. Sarah Westphal é o nome dela. Quis o destino, do qual Sarah nos manda desconfiar, que uma das maiores tragédias do ano de 2016 vitimasse a Chapecoense, time de Santa Catarina, terra natal de Sarah. Quis o destino que essa tragédia acontecesse no final do ano. E é impossível não traçar um paralelo entre essa tragédia que comoveu o mundo e as nossas atitudes nessa época.

As 71 vidas que se foram em território colombiano tinham muitos planos. Eram jovens fortes, competentes, realizadores. Eram o símbolo de um sonho, a prova de que o trabalho sério conquista as vitórias. Partiram no melhor momento de suas vidas, mas, ao partirem, nos apresentaram a um mundo solidário do qual alguns já ousavam desistir. Naquele avião, vimos a força de um dos sobreviventes, o jogador Neto, que resistiu por 8 horas sob os escombros em condições absolutamente adversas, sob forte chuva e intenso frio. O nome disso é persistência!

Também não desistiram os responsáveis pelo socorro. Antes mesmo que as equipes oficiais chegassem ao local, os moradores da região já se organizavam, localizando, entre os residentes mais próximos, bombeiros, médicos e trilheiros que pudessem fazer os primeiros socorros. O nome disso é atitude! E essa atitude permitiu que a equipe oficial fosse mais rapidamente levada até os sobreviventes.

As tragédias nos comovem e nos dilaceram, mas elas também relembram a necessidade de recobrar as forças. Elas resgatam a fé no poder do amor humano em uma época marcada pela violência. O mundo chora conosco, e, em meio a essa dor, descobrimos um povo irmão, um povo admirável! Um povo que, na era de Escobar e na era do terrorismo das Farc, aprendeu o que é perder e precisar reconstruir, aprendeu que as fronteiras não estão em nossa essência humana, pois tudo nessa nossa essência é luta e reconstrução.

E é com essa lição colombiana que quero encerrar meu 2016, acreditando no fim da crise econômica, na retomada do crescimento, na capacidade de resistência da indústria e do comércio, na atitude e na persistência do trabalhador brasileiro. O tempo é de turbulência, mas ter atitude, persistir e resistir é condição de sobrevivência para quem empreende no Brasil.

Dezembro é o mês de nascimento, mesmo para os que não acreditam em Cristo, pois dezembro anuncia a chegada de um novo ano. É o mês em que lamentamos as perdas, mas negamos as derrotas, e, assim, planejamos reconstruções pessoais e profissionais. Apenas “Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo o impeça de tentar.” O nome disso é esperança! Que 2017 nos traga um feliz recomeço!

Jornal O Povo – 14/12/2016
Honório Pinheiro
presidente@cndl.org.br

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