Por Alessandra Morita
Dono de uma empresa com receita anual de R$ 163 bi, Batista acredita que o excesso de ofertas, instituído por varejo e indústria para enfrentar a crise, diminuirá. Ele aposta nos ajustes econômicos.
Defender as margens é o que varejo e indústria sempre buscam, para viabilizar suas empresas. Wesley Batista, 46 anos, CEO global da JBS, acredita que, confirmados os ajustes fiscais e previdenciários, o País retomará o crescimento (ainda que lento), permitindo melhores lucros para os negócios. Segundo ele, os primeiros sinais de confiança já aparecem. Mas nem tudo depende só da economia. Em entrevista, o empresário apontou maneiras de garantir boas margens, entre elas trabalhar ineficiências na cadeia de distribuição e desenhar o melhor mix para cada loja. Wesley recebeu jornalistas na 27ª Sial Paris, feira mundial de alimentação que aconteceu em outubro, na França, e da qual a JBS participou. Durante o encontro, ressaltou a importância de realizar um trabalho customizado para cada cliente supermercadista e os desafios no varejo alimentar. Confira a seguir.
Consumo
As vendas melhoraram um pouco com a leve recuperação da confiança do consumidor. E o varejista está menos receoso e começa a recompor os estoques. A retomada deverá ganhar força, sobretudo em 2017.
Confiança
O governo está no caminho correto, ao dar foco às áreas fiscal, previdenciária e trabalhista. Se ele conseguir passar as reformas será um legado extraordinário. As dificuldades de mexer nessas áreas acontecem no mundo todo, mas o presidente deverá contar com base de apoio para aprovar os projetos no Congresso.
Melhores margens
O Brasil passa por um ano desafiador, com a renda do consumidor pressionada. É normal que as promoções ocorram com maior frequência para fazer o produto girar. Mas, no fundo, o que importa é a indústria e o varejo buscarem melhores margens. Para isso, os dois lados precisam trabalhar ineficiências da cadeia. As oportunidades estão na logística, na operação, nas perdas. O varejo tem uma perda muito alta de carne nobre. Isso gera um valor expressivo. O mesmo ocorre na logística. Buscamos identificar em cada cliente oportunidades e levar a eles soluções para girar o produto e gerar boa margem. E esse trabalho precisa ser customizado.
Desafios no varejo
Um dos maiores desafios é definir o mix correto para cada loja e bandeira. Uma loja em área nobre não deve ter o mesmo tipo de carne de outra, localizada em uma área carente, de baixa renda. A primeira aceita carnes importadas e linhas premium. A segunda, não.
Histórias bem-sucedidas
Há clientes focados em preço nas negociações, mas há os que valorizam o sortimento e a qualidade. O que vemos é que as histórias bem-sucedidas são as dos empresários que não privilegiam preço, mas sim qualidade e sortimento correto.
Acordos anuais
Temos planos anuais de estratégia e volume com o varejo. Mas é complexo definir um preço fixo anual, uma vez que ele depende do câmbio, do preço dos grãos, da demanda externa, entre outros fatores.
Corpo a corpo
Hoje estou menos no varejo do que eu gostaria. Mas quando me encontro com clientes, vejo que há interesse deles em buscar sinergias e uma relação ganha-ganha.
Consolidação no setor de carnes
A indústria de carne caminha para uma consolidação grande, uma maior profissionalização no mundo todo. Ou você é um competidor global ou concorre apenas localmente. Na Europa, há um caminho de consolidação bem grande. Mas no Brasil, o mercado já está mais consolidado.
Sem aquisições
Até 2017, vamos focar 100% a consolidação dos negócios que compramos e a geração de caixa.
Sobre a autora: Jornalista e editora assistente na Revista Supermercado Moderno.
Fonte: Supermercado Moderno
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