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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Como nasce um empreendedor


O ímpeto de empreender pode surgir ainda na infância, na escola

Por Leila Velez - 05/06/2013

A cada mês, neste espaço, vou abordar temas relacionados a empreendedorismo. Mas, como nasce um empreendedor? Empreendedorismo é uma matéria amplamente explorada pela academia e hoje há evidências muito claras de que pode ser aprendido, ainda que algumas pessoas já tenham mais afinidade com seu desenvolvimento.
Empreendedorismo também pode ser algo nato. Mesmo na inocência da infância, ele já dava sinais em mim.
Comecei a empreender aos 10 anos. Minha mãe era lavadeira e eu fazia as entregas das roupas. Sabia todas as rotas e procurava sempre atender as clientes no menor tempo possível. Posso dizer que foram meus primeiros conhecimentos de logística. Além disso, fazia pulseiras em casa, artesanalmente, e vendia para as colegas na escola.
Mais tarde, comecei a vender cosméticos de porta em porta. Apesar da origem humilde, sempre convivi com pessoas de diferentes classes sociais. Meu pai era porteiro de um prédio em um bairro nobre da Zona Sul carioca e isso fez com que eu, em meus primeiros “negócios”, tivesse diferentes tipos de clientela.
Desde cedo desenvolvi uma veia voltada para a estratégia. Aprendi a reconhecer o gosto dos meus clientes. Sabia que os porteiros gostavam mais de perfumes mais marcantes e que suas esposas adoravam as novidades de cores de batons. As moradoras de alta renda dos prédios da vizinhança preferiam os cosméticos para cuidados com a pele e sempre queriam saber o que havia de mais eficaz no combate ao envelhecimento. Minha estratégia de abordagem, frequência de visitas, produtos expostos, variava de acordo com os interesses de cada um deles, mas todos eram tratados com muita alegria e muito carinho.
A curiosidade aguçada também sempre foi uma característica minha. Nem sempre eu era convidada para as festas no playground das crianças do prédio onde morava, mas aproveitava para ficar escondida atrás das plantas e aprender, nos bastidores, como o mágico fazia seus truques. Sempre aprendi a reverter situações adversas em oportunidade, o que todo empreendedor precisa fazer diariamente!
Aos 14 anos, comecei a trabalhar no McDonald’s, uma grande escola para mim. Comecei como todo mundo na empresa: fritando batata, montando hambúrguer e aprendendo, aprendendo muito! Costumo dizer que aquele foi meu primeiro MBA. Ali aprendi sobre trabalho em equipe, processos, padrões, encantamento e atendimento ao cliente. Com 16 anos me tornei gerente, uma das mais jovens de toda a rede. Me apaixonei por qualidade, controles, processos e pela ideia de um negócio que poderia crescer e fazer sucesso no mundo todo.
E foi aí que tive a certeza de que nasci para empreender. Eu já tinha umas economias guardadas e o objetivo de abrir meu próprio negócio.
No McDonald’s conheci Rogério Assis, irmão de minha amiga e sócia Zica. Quando ela descobriu a fórmula do Super-Relaxante, unimos forças: o conhecimento dela como cabeleireira, o capital inicial vindo da venda do Fusca de Jair Conde (marido da Zica) e as economias e conhecimentos meus e do Rogério. E assim nasceu o Instituto Beleza Natural: do empreendedorismo desses quatro sócios.
Abrimos o primeiro salão em 1993, num fundo de quintal, em Muda, bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Do McDonald’s, trouxemos o conceito de "linha de montagem": cada serviço no Beleza Natural é dividido em etapas e cada uma delas é exercida por uma especialista. Como resultado, temos muito mais produtividade, qualidade superior de execução e custos muito menores do que um salão tradicional.
Desde o início, a preocupação com o atendimento e o encantamento das clientes era enorme. Nunca faltou um sorriso no rosto, uma palavra de carinho. A preocupação quase marcial com qualidade, organização e limpeza também. Mesmo nos momentos mais difíceis. Nosso objetivo sempre foi levar autoestima para as clientes. Como nós, os sócios, também tínhamos os cabelos crespos, e conhecíamos na pele a realidade socioeconômica e os desejos da mulher cacheada, na maioria da classe média popular brasileira, ou seja, do Brasil de verdade, tínhamos um compromisso com a veracidade na entrega prometida.
Sempre foi motivo de muito orgulho criar um conceito de negócio inovador, com tratamentos exclusivos, processos diferenciados e, principalmente, uma entrega real de autoestima para milhares de clientes que, na maioria das vezes, nunca foram vistas como protagonistas nas ofertas do mercado em geral.
Hoje, após quase 20 anos, o Beleza Natural é uma empresa com sólida estrutura de gestão e média de 30% de crescimento ao ano. Temos 13 institutos abertos: 10 no Rio de Janeiro, dois no Espírito Santo e um na Bahia. Atendemos atendem 90 mil clientes por mês. Também temos uma fábrica, a Cor Brasil Cosméticos, que produz 250 toneladas de produtos mensalmente, e 1.700 colaboradores.
E nem penso em parar. Na verdade, sinto que é só o começo!
Ainda este ano abriremos mais cinco filiais: duas no interior do Rio de Janeiro (Campos e Volta Redonda) e três na cidade de São Paulo. Estudos apontam que 70% da população brasileira têm cabelos crespos ou ondulados e 54% pertencem à classe C. Nosso público é o Brasil! Nosso sonho é ser uma multinacional brasileira e conquistar todo esse potencial de mercado, primeiro no Brasil e depois no mundo! Empreender é mais do que sonhar grande, é sonhar enorme e executar com paixão, muita perseverança, numa busca incansável por superação.
Fonte: PEGN

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