Esse movimento é muito positivo. Ele vai ao encontro dos anseios de muitas pessoas que não aguentam mais o volume de interrupções inúteis geradas no escritório, o trânsito absurdo que enfrentamos na ida e volta ao trabalho ou do tempo perdido em reuniões desnecessárias. Para se ter uma ideia, recentemente, um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, apontou que os trabalhadores gastam, em média, 43 minutos entre a casa e o trabalho nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Trabalhar de casa vem do passado, isso já existe há muito tempo. O trabalho começou de casa. Na idade média as pessoas produziam em suas casas. Garagens foram propulsores de grandes empresas de tecnologia no mundo. Trabalhar de casa é o começo do mundo e estamos retornando a isso. A diferença de hoje é que o home office tem sido chamado de “teletrabalho”, pois você não precisa estar em casa, você pode estar em qualquer lugar e trabalhar do mesmo jeito.
Ao mesmo tempo, você tem descoberto histórias de fracasso nessa onda. Provavelmente você ouviu falar que a CEO do Yahoo disse que trabalhar de casa não funciona e, também, conheço alguns líderes que precisam ver a pessoa para a coisa funcionar. Por que algumas iniciativas têm falhado?
Acho que não tem uma única resposta, mas um conjunto de fatores. Primeiro: pessoas que não têm este perfil não deveriam optar por essa modalidade de trabalho e não há nada de errado com isso. Tem gente que precisa de outras pessoas para ser produtiva, pois precisa do movimento do escritório. Se forçar a barra, essa pessoa começará a ficar triste, desmotivada e passará a não gerar mais o resultado e nem saberá direito o porquê.
Segundo: não basta ter tecnologia para fazer o tele trabalho, é preciso treinar as pessoas para trabalharem de forma colaborativa à distância. É preciso treinar os líderes para entender que eles não compram o “corpo” da pessoa e sim o “cérebro” dela. É a diferença entre o tempo e o resultado. O tempo do ponto já passou, é o resultado que buscamos.
Terceiro: têm modelos de negócio que simplesmente não funcionam à distância. Para o Yahoo não deu certo. Em alguns negócios, por exemplo, um time de criação, estar junto ajuda a fluir as ideias, e quando falo, juntos, falo na mesma sala, olhando e brincando.
Implantar um programa de teletrabalho é uma coisa séria, exige muitas disciplinas em conjunto a serem tratadas, de questões legais a comportamentais. Eu acredito que dá resultado e defendo que, se você tem a oportunidade de fazer isso, agarre com os dentes. Se você é líder, pense a respeito de forma bem planejada, pois, com definições claras de resultado, o processo pode funcionar muito bem.
A maior prova de que trabalhar de casa vem do passado é que no Brasil a nossa lei trabalhista vem da época das cavernas e os nossos políticos estão gastando seu tempo com tantas coisas importantes que têm se esquecido de rever essa questão na CLT, mas isso é uma história para o futuro.
Bom trabalho de casa!
*Christian Barbosa – Especialista em administração de tempo e produtividade, CEO da Triad PS, empresa multinacional especializada em programas e consultoria na área de produtividade, colaboração e administração do tempo. Ministra treinamentos e palestras para as maiores empresas do país e da Fortune 100. www.triadps.com.br e www.maistempo.com.br
Fonte: HSM
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