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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A greve dos bancos e o comércio






Solução parece próxima

Varejo já sofre o impacto da greve de bancos

26.09.2012

Apesar do impasse, a Fenaban apresentou nova proposta aos bancários, que devem analisar em assembleia

 



















A preocupação dos comerciantes é que o próximo mês se inicie sem a resolução da greve, impossibilitando que os clientes recebam dinheiro 
FOTO: KID JÚNIOR

Completada uma semana de greve dos bancários ontem e com a adesão de novas agências ao movimento paredista em plena última semana do mês - e sem previsão de resolução entre sindicatos e Febraban -, o comércio varejista da Capital começa a temer pelo impacto negativo no mercado, principalmente, por que outubro traz uma das melhores datas, com relação a rendimento, para o setor no ano: o Dia da Criança. "A gente se prepara para vender bem, articula, mas, deste jeito, a gente não consegue atingir o objetivo, todas as nossas projeções vão por água abaixo e, consequentemente, o emprego gerado também é abalado", protestou o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza(Sindilojas), Cid Alves.

De acordo com ele, os dois primeiros dias depois de deflagrada a greve "foram normais", mas, depois disso, os efeitos da falta de dinheiro vivo nas ruas começaram a abalar as vendas dos comerciantes. Na análise de Cid, isso aconteceu por que o maior impacto dessa falta de dinheiro recai sobre as camadas mais baixas da sociedade, as mesmas que impulsionam o consumo no varejo local.

Abalo também no Shopping

Os comerciantes representados pela Associação dos Lojistas de Shoppings Centers do Ceará (Aloshop-CE) também estão sofrendo com a situação e temem entrar no próximo mês sem o atendimento presencial dos bancos, segundo o presidente da entidade, Abílio do Carmo. "As pessoas não conseguem fazer compras e o pouco dinheiro que têm, elas usam para pagar as contas mais urgentes e deixam de comprar. Aí gera uma bola de neve para a gente", revolta-se.

Funcionamento mínimo

Ambos os representantes ainda defendem um atendimento presencial mínimo para garantir o andamento e resguardar a economia dos impactos negativos observados por todos.

"Não sou contra as reivindicações dos bancários, eles estão no direito deles, mas eles deveriam manter um funcionamento mínimo nas agências", defende Abílio do Carmo. Na concepção dele e de Cid Alves, isso faria bem ao movimento grevista por este mostrar-se sensível aos problemas da população - mesmo que o efetivo proposto para atuar seja mínimo.

Já o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Freitas Cordeiro, considera o impacto desta greve "bem menor que há um tempo atrás". Para ele, os amortecedores dos efeitos deve-se aos recursos tecnológicos disponíveis para movimentar contas e recursos. "A internet, os correspondentes bancários, as lotéricas e os próprios caixas eletrônicos já dão conta de boa parte das demandas necessárias", pontua.

Segundo Freitas, os meios citados dão conta da movimentação de dinheiro e quitação de dívidas tanto dos clientes quanto dos empresários, mas também pondera sobre os lojistas que não dispõem de tal mobilidade: "há pessoas que dependem muito de saque, de dinheiro vivo e, estas, devem sofrer mais com isso, com certeza".

O presidente do Sindilojas Fortaleza ainda lembra dos comerciantes de pequeno porte da Capital e do interior, os quais, segundo ele, não têm acesso às formas eletrônicas de pagamento e devem amargar prejuízos maiores caso a greve continue.

Negociações

O comando de greve dos bancários deverá recomendar que a categoria aceite a proposta de reajuste feita ontem pelos bancos. As assembleias serão realizadas hoje, entre os 137 sindicatos da categoria. No Ceará, ainda não há data marcada, mas deve ocorrer nos próximos dias.

Ontem, no oitavo dia em greve, a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) recebeu e avaliou a nova proposta de reajuste salarial da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).

A entidade patronal aumentou a proposta de reajuste para 7,5%, com 8,5% de aumento do piso salarial e dos auxílios para refeição e alimentação, além de um aumento na PLR (Participação nos Lucros e Rendimentos) fixa de 10%.

Com a nova proposta, o aumento real seria de 2% no caso dos salários e de cerca de 3% no caso do piso da categoria. 


ARMANDO DE OLIVEIRA LIMA
REPÓRTER

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