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Para especialista, os melhores executivos devem saber conversar e tirar proveito do mercado emergente brasileiro
Pedro Marques, iG São Paulo
25/01/2011 05:56
O crescimento da renda de classes sociais próximas da base da pirâmide está transformando não só o consumo, mas também o mercado de trabalho brasileiro. Se há poucos anos esse segmento da população era praticamente esquecido pelos executivos na hora de bolar estratégias de atuação, hoje é praticamente impossível ignorar a existência das classes C (com renda familiar de 3 a 10 salários mínimos) e D (de 1 a 3 salários mínimos). Afinal, juntas elas movimentam cerca de R$ 900 bilhões por ano. O problema é: as empresas ainda não sabem aproveitar todo o potencial oferecido por essa parcela de brasileiros.
Levantamento realizado pela consultoria Data Popular, especializada em apurar dados e hábitos de consumo das classes de baixa renda, revelou que os executivos ainda mostram resistência para lidar com esse novo mercado. Entre os 117 profissionais entrevistados, todos em cargos de direção de 100 empresas com faturamento superior a R$ 100 milhões, cerca de 70% disseram haver algum tipo de preconceito ou resistência para lidar com as classes C e D.
“Existe um abismo gigantesco de profissionais prontos para falar com esse consumidor. É uma matéria que não se aprende na faculdade”, afirma Renato Meirelles, sócio-diretor da Data Popular. Na opinião de Meirelles, as universidades não preparam o futuro gestor para dialogar com as pessoas de renda mais baixa. “O que você aprende na faculdade foi pensado em países desenvolvidos e para classes mais altas.”
Patinho feio
Meirelles defende que falar com as classes de baixa renda é uma oportunidade e tanto para o desenvolvimento profissional. “O dinheiro mudou de mãos no Brasil. Hoje essa é a parcela da população que mais consome”, justifica. E ele acredita essa situação não é passageira.
“É um movimento que veio para ficar. Não há um dado político ou econômico que indique uma reversão desse quadro. O Brasil tende a se consolidar com uma grande classe média, com o desaparecimento da classe E nos próximos anos.”
Para Meirelles, a resistência em trabalhar com as classes da base da pirâmide social se dá porque os executivos têm “complexo de patinho feio”. “Existe um sentimento de que se o profissional está trabalhando com as marcas para baixa renda é um executivo de segunda classe. Isso é bobeira, hoje os melhores executivos, os mais preparados, são aqueles que falam e atuam para esse mercado emergente brasileiro. O patinho feio virou cisne. E bem rápido.”
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